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FARO DE NEGÓCIOS e VISÃO DOS TEMPOS: Carlos HOSKEN

Carlos HOSKEN, mais conhecido como Tau HOSKEN nasceu na cidade de Tombos, MG no ano de 1897.


Como todos os filhos de Chico HOSKEN e CINTOTA, á exceção do irmão mais velho, Eduardo Benjamim HOSKEN, que estudou farmácia em Ouro Preto, Tau estudou apenas o curso básico, mas eram todos bem educados e criados sob forte disciplina, inclusive redigiam bem e tinham uma letra muito bonita.


O primeiro trabalho de Tau HOSKEN, seguindo o exemplo de seu pai, Chico HOSKEN, foi como Representante Comercial e seu principal produto vinha da indústria de chapéus.

Tau, assim como seu irmão mais novo, Paixão HOSKEN (Francisco HOSKEN Filho), possuía uma tropa de mulas e viajava até o Norte de Minas Gerais, vendendo e entregando seus produtos.


Cada um com sua tropa e suas representações e cobrindo áreas diferentes.


ESCLARECIMENTOOs Representantes Comerciais eram chamados COMETAS e eram distintos dos Tropeiros, pois estes eram transportadores de mercadorias e os COMETAS eram representantes comerciais.


Os COMETAS pertenciam às Associações de Representantes Comerciais, onde se reuniam os chamados VIAJANTES Comerciais.


Aqui, Tau já começava mostrar suas qualidades específicas de bom negociante (hoje o chamaríamos "ENTREPRENEUR").


Enquanto seu irmão mais jovem, Paixão HOSKEN montou uma das mais belas tropas de mulas do estado de Minas Gerais, toda ela de raras e excelentes “mulas pampas” (mulas nas cores castanho e branca), com arreamento em prata, motivo de orgulho e admiração de todos. A tropa do Tau era constituída de ótimos animais, mas sem outras especificações.


Quando saiam de Carangola em suas viagens comerciais, Tau ia até o Vale do Rio Doce, e Paixão que tinha mais representações, viajava até o Sul da Bahia, cerca de 2 meses de viagem para ida e volta.


A cada cidade que paravam, se alguém gostasse de uma mula da tropa do Tau, este imediatamente a negociava e quando terminava sua viagem, retornava para Carangola sem suas mercadorias e sem seus melhores animais, tendo que reconstruir sua tropa em Carangola, mas já capitalizado para a próxima viagem.


Paixão, (meu pai), quando via uma boa mula pampa, imediatamente negociava para comprá-la e embelezar mais sua já extraordinária tropa. Resultado, quando se encontravam de volta em Carangola, Tau tinha uma tropa desfalcada, mas bom dinheiro no bolso e Paixão tinha uma tropa mais bonita e pouco dinheiro no bolso.


Os irmãos tinham personalidades distintas. Cada um a seu modo.

Após formar algum capital e vendo a chegada dos carros automotores americanos ao Brasil, Tau vislumbrou o futuro e no ano de 1930, conseguiu a representação da FORD para a cidade de Tombos.


Sua visão comercial se fortalecia e sua capacidade de negociador era colocada à prova, pois naqueles tempos o mercado era quase todo da CHEVROLET, carros e caminhões preferidos dos eventuais consumidores.


Esta empreitada durou 5 anos. Neste período ele conseguiu comprar seu primeiro sítio, parte da futura fazenda que viria possuir e explorar.


Com a experiência no setor de carros na região de Tombos, ele se mudou para o Rio de Janeiro, onde passou a comercializar carros e caminhões usados, o que hoje chamamos de “MULTIMARCAS”. Foi um período de crescimento quando ele atuava também na cidade de Niterói.


Neste período ele tomou uma decisão importante para o futuro de seus filhos. Após avaliar as escolas disponíveis para a educação deles concluiu que as escolas Batistas, portanto protestantes, davam uma melhor formação aos jovens do que as escolas católicas.


Assim os mais velhos, estudaram no Colégio Batista do Rio de Janeiro "Carlos e Fernando" e o mais jovem "Juarez", foi estudar no Colégio Granbery (Instituto Metodista de Juiz de Fora). Esta opção da escola Protestante, não implicou em mudança de religião e toda família permaneceu solidamente católica.


Após a experiência no Rio de Janeiro, Tau retornou para Carangola e comprou mais terras, vindo a compor sua fazenda de 145 alqueires da Zona da Mata, ou 449 hectares de terra.

Residindo na fazenda ele foi acumulando capital, pois sua propriedade produzia de tudo, Café, Milho, Feijão, Arroz e muitas Frutas e Hortaliças, precisando adquirir na cidade apenas Sal e Querosene.


Construiu também uma boa Olaria, onde produzia tijolos e telhas, cujo encarregado foi seu irmão Paixão HOSKEN, pois com o eclodir da segunda guerra, as melhores representações comerciais para o interior do país foram canceladas. Paixão tinha duas representações importantes, Augusto Reis, calçados e Abramo Eberle, metalúrgica.


Como fazendeiro, Tau foi um dos primeiros a reconhecer a qualidade e importância do gado Holandês Vermelho e Branco.


Os Holandeses criaram e aperfeiçoaram a melhor raça produtora de leite de todos os tempos e como excelentes comerciantes que sempre foram, observaram que seus animais produziam mais leite que todas outras raças e eram perfeitas para o clima frio europeu, mas sofriam muito com o calor dos trópicos. Assim, trabalharam para criar uma versão mais adaptada para o clima quente. Tau enxergou isso e acolheu o gado vermelho e branco.


Mais tarde teve que se enquadrar no mercado, que insistia no Preto e Branco como o verdadeiro Holandês e o Vermelho e Branco como uma variante que despertava dúvidas.

Contudo, Tau, sempre manteve seus exemplares da raça Holandesa Vermelho e Branco. Mas, a preferência no mundo todo permaneceu pelo Preto e Branco.


Tau tinha um forte sentimento de família, como é comum ao Clã dos Hosken, mas impunha uma disciplina financeira forte aos seus descendentes.


Quando os filhos Fernando e Juarez adquiriram o pequeno Laticínios que viria ser o LATICÍNIOS MARÍLIA ele participou como sócio, mas jamais concordou “avalizar” qualquer financiamento da empresa.


Ele emprestava dinheiro ao Laticínios, mas não participava, quando o Laticínios se financiava junto aos bancos.


Dentro de suas convicções, ele comandava os filhos a adquirir propriedades em nome dos seus netos. Muitas vezes financiada e até proporcionada por ele.


Até o final de sua vida, Tau HOSKEN comprava e vendia de tudo.

Ele fez juz a fama de “bom negociante” e a família tem inúmeras histórias de suas negociações, algumas até folclóricas, mas todas com resultados satisfatórios.



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